sexta-feira, 10 de abril de 2009

Estrada sem rumo

Nada além da estrada silenciosa.
Como chegaste ali?

Com os pés descalços,
cabelos emaranhados e
olhos vazios. O horror
que presenciara há tempos
voltou para lhe assombrar.

As duras pedras penetram
na fina pele de seus pés.
Foste marcada. O gosto amargo
da lembrança saliva a boca e
molha os teus lábios secos.

Vejo os rastros dos seus
passos por uma estrada sem
destino. Em sua mente, um
incansável flashback daquela
manhã. Daquela maldita manhã.

Da besta que lhe tirara inocência.

Suas mãos se fecham enquanto
as unhas quebradas corrompem
O cair da tarde aproxima-se.
E lentamente o sol despe seu
brilho e descobre sua oca alma.

Por quê?

Essa pergunta balbuciava nas
entranhas do seu ser. Pequenas
partículas de poeira acariciam
sua alma. Sussurros de desprezo

Na estrada sem destino os carros
te ultrapassam. Medo. Você para.
E se ajoelha, apoiando suas mãos
sangrentas no solo frio e árido.

A última lagrima escorre, beija
o chão. A desgraça acompanhava
seu bizarro destino. E como sua
companheira fiel, você deita. E,
derrama algumas palavras ao fim.

Eram apenas seus primeiros anos.

Um comentário:

  1. Esse texto. Tâo subjetivo. Confunde-se um pouco comigo, o que é assustadoramente lindo. Etretanto tem palavras que eu não colocaria, por achar forte demais, cruel demais e eu sou por demais narcisista para me colocar sob certas palavras. O mais bonito é o fim. Você e o Eduardo finalizam as coisas de maneira que não sei. Acho que eu finalizo como quem tira um pincel repentinamente da tela e você pode ver fios de tinta. Vocês finalizam como quem fecham uma porta. Canalhas. Reverencio.

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