quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sinto muito.

Por mim, não sei dizer por você.
Não faço idéia do que sente, do que pensa. Antes, achava que iria morrer de angústia quando imaginava seus pensamentos. Que masoquismo o meu. Jamais conseguiria advinhar o que pensava. Eu, em minha inocência acreditava que tinhamos uma ligação. Achava mesmo. Pode parecer patético ser tão honesta agora quando antes eu tentava esconder minha euforia. Tiveram noites que mal conseguia dormir, só de lembrar dos momentos breve que tivemos juntos. Hoje, lamento por tê-los vivido tão pouco.

Aprendi a perder o que tanto amava. Não é fácil, confesso. Ainda passo noites sem dormir, pensando no que poderia ter feito para perpetuar o instante. Mas, me conformei. Não te procurarei, não mais. Ainda lamento, mas passa. Como um dia lhe falei. Não sei dizer se teu silêncio é indiferença ou resposta. Não sei se nos veremos novamente, não sei. Entendi afinal que nunca te conheci. Não sei quem é você, o verdadeiro você. Consigo imaginar, mas não passa apenas de outro eu. Esse você.

E se um dia você voltar a sorrir para mim, agradecerei. Há um motivo para tudo passar. Se os bons momentos não podem se eternizar é um alivio. Assim, todos os dias ruins e todas as minhas angústias têm passagem. Que vão embora. Não as quero mais. Eu abro mão de você. Seja feliz, onde quer que você vá. Eu sorrio daqui, sem mágoas. Somos apenas um. Um você e um eu.

É assim que vejo você

O apartamento era novo. Você tinha acabado de pagar a última parcela. Ao lado da porta, o criado mudo guarda as chaves e correspondências que nunca abrira.

Ao entrar, tira os sapatos. Chuta-os em um canto e suspira cansado. O que parecia impossível, tornou-se história da sua vida. A sala, pouco mobiliada, cheira alecrim e capim santo. Aroma deixado por uma doce borboleta.

Esquece-se de ligar as luzes. Prefere assim, o silêncio e a escuridão carregam calmaria e aconchego.

O telefone toca. É teu afeto perguntando se tudo está bem. Ao desligar, senta-se na cama e luta contra vontade imensurável de dormir. Levanta-se. Liga o computador e caminha para o banheiro. De portas abertas satisfaz tuas necessidades e volta ao quarto.

O quarto é simples. As paredes são brancas. Na da esquerda um grafitismo a terminar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Fé Solúvel

Composição: Fernando Anitelli

É, me esqueci da luz da cozinha acesa
de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!

De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nós

Meu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvel

É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei

E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras

Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho
Muitos passarão

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

terça-feira, 30 de junho de 2009

Fez-se o silêncio em mim. Calei-me. A poesia e os sonhos, não estão. Saíram.

Para onde?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Silêncio

Estive fora, um mês
a procurar você.


Ou não.

domingo, 17 de maio de 2009

Depois

Suspiro.
Respiro fundo e tento levantar. Me apoio na cama ao lado e sinto dor nos pés cansados. A bagagem está pesada. Com dificuldades, chego ao banheiro. No espelho, uma outra pessoa. Molho as mãos na corrente de agua fria e a trago para o rosto. O gelado alivia meu sono.

Respiro.
Quem está no reflexo do espelho não sou eu. Lentamente troco de roupa e deixo os cabelos enrolados no topo da cabeça, para que eles não caiam sobre meus olhos. O tênis está ao lado, sem meia. Meus pés pisam em um chinelo pequeno, deixando o calcanhar para fora.


...

(continua)

terça-feira, 21 de abril de 2009

A paz em mim

Em dias cinza, fico introspectiva.
Penso em minhas atitudes,escolhas
e decisões. Nestes dias, penso em
voz alta. Falo sozinha procurando
me ouvir e me entender.

São nos dias cinza que aprecio o
toque suave do vento no meu cabelo
e minha pele. Que a sensibilidade
ataca e o interior se exterioriza.

É quando encontro a paz em mim.
O que procuro, está aqui dentro.
Emaranhado nas angústias, dúvidas
e conflitos que carrego. Não no
outro, nem em um filme ou livro.

Só dentro de mim. Nesta neblina
descubro que sou a melhor amiga
que sempre procurei. Que sou a
minha melhor ouvinte, minha
confidente.


É entre rajadas frias e sem graça
que descubro as mais belas cores
da vida. Os mais deliciosos passeios
e as melhores companhias. É quando
consigo saborear com prazer a comida.

Quando o gosto amargo da couve saliva
minha boca enquanto sinto o ácido
gosto do limão. É quando percebo que
serei a única a estar ao meu lado
durante toda minha vida.

A única que saberá o que vivi e como morri.
São esses dias cinza que me torno tão eu.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Estrada sem rumo

Nada além da estrada silenciosa.
Como chegaste ali?

Com os pés descalços,
cabelos emaranhados e
olhos vazios. O horror
que presenciara há tempos
voltou para lhe assombrar.

As duras pedras penetram
na fina pele de seus pés.
Foste marcada. O gosto amargo
da lembrança saliva a boca e
molha os teus lábios secos.

Vejo os rastros dos seus
passos por uma estrada sem
destino. Em sua mente, um
incansável flashback daquela
manhã. Daquela maldita manhã.

Da besta que lhe tirara inocência.

Suas mãos se fecham enquanto
as unhas quebradas corrompem
O cair da tarde aproxima-se.
E lentamente o sol despe seu
brilho e descobre sua oca alma.

Por quê?

Essa pergunta balbuciava nas
entranhas do seu ser. Pequenas
partículas de poeira acariciam
sua alma. Sussurros de desprezo

Na estrada sem destino os carros
te ultrapassam. Medo. Você para.
E se ajoelha, apoiando suas mãos
sangrentas no solo frio e árido.

A última lagrima escorre, beija
o chão. A desgraça acompanhava
seu bizarro destino. E como sua
companheira fiel, você deita. E,
derrama algumas palavras ao fim.

Eram apenas seus primeiros anos.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Fragmentos

Ouço fragmentos de conversas
Saindo de bocas sem rostos
De rostos sem nomes
De vidas por demais diversas

Vejo sorrisos, lagrimas e flertes
Passando apressados por mim
Vindo e indo para o limbo
Formigas apressadas e contentes

Seres que nunca falam comigo
Absortos em seu proprio mundo
Vivendo o acaso do encontro
Procurando rostos vazios e amigos

Nessa cacofonia sonora
Me perco em meus pensamentos
Procurando refugio para minha sanidade
Antes que ela sucumba à essa cidade.

Por Anônimo. (Um visitante convidado)

sábado, 28 de março de 2009

Pequena,

tua ira é necessária e precisa. Libertemo-nos das blasfêmias expostas sem planejamento. Das conversas e do vomito cru. Ferida do eterno. Mágoas.

tua impaciência é devida as bobagens humanas. Parte esta tão sua, tão carne, tão perpétua. A luta pelo descontrole é pura pequenez. Espalha tua aurora.

teus amores assemelham-se ao doce som da vida. Ao dançar vem-lhe o cansaço das respirações ofegantes e dos sussurros rocos ao deitar. Essas intimidades, atemporâneas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Quinze de Maio

Escrevo-lhe uma carta que sufoca-me.
Com fragmentos do meu eu dilacerado.
Despe minh'alma feito verme a rastejar
Atrevi-me a crer, você leria em silêncio.

Escrevo uma canção para difamar o elo
de escravidão. Esta vil apodera-se dos
silênciosos gemidos de amor para então
devorar-lhe até a última gota de sangue.

Escrevo-lhe essa carta sussurando flores
moídas ao breu de Oasis. Respirando faz
carolas levianas saudosas e assombradas
a secar. Sem nectar e sem veia. É ontem.

Escrevo-te essa canção porque sim e não.
E renuncio a mim, deliciando minha seiva
descaracterização do ser, auto humilhação
Receba o lixo que sou.  A minha dissecação
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Clemência!

Vento leve pela fresta adentrou.
Um sussurro de canções vorazes
seja-se assim como for, sendo-se.
E só tudo pode simplesmente, ser.

Vejo tempestades de quereres.
Se assim for, possível entender
a curiosidade de conhecer o fim.
Os amigos serão sempre amigos.

E Você está ai? Pronto pra me ouvir?
Me pergunto como seria voar. Penso.
Fundo do abismo é onde me encontro
para me ouvir. Um sopro esperançoso.

Se me olhar, não me verá. E eu não
verei você, pois não somos irmãos.
Quando falarem de você pra mim,
será essa inexatidão. Seremos nós.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Manha

Insistente. Deliberada ex-fera.
Nota piedosa. Canções vorazes.
Impiedoso. Soberano. Etereo. É.

4/11