domingo, 24 de abril de 2011

No entardecer do amor

- Dias cinzas, nublados e frios, como hoje, me inspiram. Sabia, né?

Penélope sorriu sem felicidade. Observava o horizonte, deliciando-se com as possibilidades do sentir. Crescia uma explosão de sentimentos que mergulhava nas profundezas dos seus assuntos inacabados. Todos os seus quereres, naquela fração de lucidez, devoravam a inércia de suas não-atitudes. Marcelo não respondeu sua pergunta. Seu silêncio era expressivo e ele continuava ali, apenas por curiosidade. 

Durante algum tempo continuaram em silêncio, observando as probabilidades interiores. Penélope abraçou suas pernas, encostou sua cabeça em seus joelhos e mordeu os lábios. Marcelo quis abraçá-la, mas sua timidez não permitiu. Então, incomodado com sua própria falta de ser, mudou de posição. Seria uma linda fotografia aos transeuntes, mas não havia ninguém ali. 

- Que vento bom...

E era mesmo. Ventava suave, quase como uma brisa. A verdade é que ventava sempre. O que sentiam não era tristeza e tão pouco amor. Era outra coisa que transforma silêncio em incomodo. E, como deveria ser, num impulso, Marcelo foi embora. Penélope continuou na imensidão de seus interiores, controlando seus quereres e sorrindo sem felicidade. Mudou de posição e agora estava em lótus. Vinda de longe, uma bela melodia chegava aos seus ouvidos. 

Sing me to sleep...












quinta-feira, 7 de abril de 2011

Para Ella

(...) A vida ensina coisas de uma maneira tão particular. Hoje aprendi algo tão simples e tão verdadeiro. Tudo aquilo que inspira, fatalmente, expirará transformado. É químico, físico e metafórico. Eu gosto de inspirar suas palavras, Ella. E queria poder agradecer todos os caracteres que li, criados por você. Um impulso mental transformou suas palavras em sentimentos meus. Tranqüilidade minha. Sorrisos nossos. Como ying e yang, nos impulsionamos. Não sei dizer o que é isso, mas transborda qualquer coisa que possamos explicar. Penso na nossa história e um sorriso invade meu rosto. Queria estar mais perto, queria ser mais certo. Quereres. Queremos tanto. Tanto. Esse tanto é que inspira, incomoda e transforma. Tudo aquilo que fascina, de alguma maneira, faz sentido. Um sentido que ninguém busca, a estrada que ninguém escolheu. O acaso. A inquietude colossal das nossas almas (...)

Ah, Ella!

Inspiro-te.
Inspira-me.
Nossa amizade. Esse bem, essa nossa riqueza, esse tesouro.

Amo você, Ella.

Amo você.

Inspiração

Sentada na pedra fria estava a bailarina de ventos temporais. Ela balançava seus pés como se dançasse. Aquelas tardes eram suas, sentindo a garoa que soprava vibrantes notas musicais.  Alguns disseram que rezava observando a rebeldia das ondas marítimas. Lentamente, inclinou seu corpo e trouxe suas pernas junto a si, em posição de lótus. Tomou todo o tempo pra si, fechando os olhos e expandindo seus lábios num sorriso gentil. Muito tempo passou e nada aconteceu. Alguns outros disseram que meditava, experimentando a suavidade dos ventos chuvosos. Sua serenidade era magnitude dos inquietos.


A verdade é que era livre.

LIVRE!