sábado, 24 de novembro de 2012

Ausência

Talvez fosse um jardim. 
Talvez fosse outono.
Duas pessoas caminham rumo ao sol.

- Toda vez que venho aqui, é como flutuasse sobre um abismo.
- É, eu sei.
- Você também sente isso?
- Hm, não sei.

Os passos continuam.
Sem pressa. Sem pressa nenhuma.

- As vezes eu nem quero vir aqui.
- Hm...
- O que?
- Nada.

As folhas caem das árvores e dançam conforme o vento as beija. 
É absolutamente maravilhoso.

- ... 
- ...
- Essa falta nunca vai deixar de existir.
- Falta?
- O abismo.
- Mas você flutua.
- As vezes sinto como se tentasse sobreviver a queda.
- Você não flutua. Nem sobrevive.
- Não?
- Não.

Os passos, lentos, ficam ainda mais lentos.
Há chuva em todos os lugares. Até dentro da alma.






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