Talvez fosse outono.
Duas pessoas caminham rumo ao sol.
- Toda vez que venho aqui, é como flutuasse sobre um abismo.
- É, eu sei.
- Você também sente isso?
- Hm, não sei.
Os passos continuam.
Sem pressa. Sem pressa nenhuma.
- As vezes eu nem quero vir aqui.
- Hm...
- O que?
- Nada.
As folhas caem das árvores e dançam conforme o vento as beija.
É absolutamente maravilhoso.
- ...
- ...
- Essa falta nunca vai deixar de existir.
- Falta?
- O abismo.
- Mas você flutua.
- As vezes sinto como se tentasse sobreviver a queda.
- Você não flutua. Nem sobrevive.
- Não?
- Não.
Os passos, lentos, ficam ainda mais lentos.
Há chuva em todos os lugares. Até dentro da alma.
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