Da minha janela, não posso ver o céu,
não posso ver o chão. Os espectros
arrastam-se sala em sala, sem vida.
Tão apressados, cansados e carentes.
São a poesia servil. É a poesia bruta.
O reflexo do sol aquece, anima e cega.
Entre brechas da cortina posso vê-lo.
Luminosamente vivo. Claridade que não
toca minha pele, não me aquece. Limbo.
Nas janelas vizinhas, reflexos romanos.
A natureza derrama em minha consciência
um dilúvio saboroso de orvalho gritante.
Delírio em pausa selvagem. Contrações.
Mutualidade ardente dos desprovidos
de sonhos rebelam-se ao nada. Insolúvel.
Os que se curvaram, absorvem serpentes.
Comem cinza entrelaçada. Mortos e vazios.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Retrovisando
Ops... perdi a inspiração numa esquina que passou.
Assim mesmo de repente, foi-se embora.
Me deixou seguir na estrada de terra incerta,
Sozinha. Aquele horizonte a se descobrir.
Restou o Retrovisor, este que insiste em dados nostálgicos. Temeu. Esvaiu. Sublimou.
Confesso passar horas olhando-a,
Em busca do que já nem me lembro mais.
Tento encontrar desesperadamente uma pista
breve e sutil do que sou. Do que fui.
O retrovisor imovel respira sem ambições.
Carrega dúvidas pouco esperançosas
Refletindo tudo aquilo que não desejo ver.
O vazio das minhas atitudes secas.
Retrovisor não esclarece. Não são respostas
que procuro quando observo sua superfície
lisa e fria. Permanecem as dúvidas. Questões
vivas dentro de mim, refletidas do passado.
Em meu refugio distorcido é possível reconhecer
minhas escolhas, escolas, escoltas, escombros.
Oh retrovisor! Sobrevive de passado, ensina-me
a viver agora com as lições aprendidas de ontem.
Sobrepõe experiências mal sucedidas
Desafia sonhos carregados na mochila.
Acompanha-me na imensidão a se descobrir
Ansiosa a se refletir dentro deste meu retrovisor.
Texto inspirado na canção "Amem" d'O Teatro Mágico e do conto "Retrovisor" de Maíra Viana
Assim mesmo de repente, foi-se embora.
Me deixou seguir na estrada de terra incerta,
Sozinha. Aquele horizonte a se descobrir.
Restou o Retrovisor, este que insiste em dados nostálgicos. Temeu. Esvaiu. Sublimou.
Confesso passar horas olhando-a,
Em busca do que já nem me lembro mais.
Tento encontrar desesperadamente uma pista
breve e sutil do que sou. Do que fui.
O retrovisor imovel respira sem ambições.
Carrega dúvidas pouco esperançosas
Refletindo tudo aquilo que não desejo ver.
O vazio das minhas atitudes secas.
Retrovisor não esclarece. Não são respostas
que procuro quando observo sua superfície
lisa e fria. Permanecem as dúvidas. Questões
vivas dentro de mim, refletidas do passado.
Em meu refugio distorcido é possível reconhecer
minhas escolhas, escolas, escoltas, escombros.
Oh retrovisor! Sobrevive de passado, ensina-me
a viver agora com as lições aprendidas de ontem.
Sobrepõe experiências mal sucedidas
Desafia sonhos carregados na mochila.
Acompanha-me na imensidão a se descobrir
Ansiosa a se refletir dentro deste meu retrovisor.
Texto inspirado na canção "Amem" d'O Teatro Mágico e do conto "Retrovisor" de Maíra Viana
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