quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Todas as coincidências da vida

Acorda, sempre querendo mais. Dormir mais, sonhar mais. A paz da inconsciência. Levanta, arrastando seus sonhos ainda pulsantes para cética realidade. Escova os dentes, desejando que o tempo parasse. Mas que merda, pensava. Todos. Os. Dias. Durante o horário comercial, existe em duas realidades. Vive, respira e sente tudo que vive. Sonha, nos breves momentos de silêncio com seu outro seu. Está surfando, comendo, dormindo, morrendo. Qualquer coisa melhor e mais digna do que vive.

Naquele dia, no entanto, notou uma constante. Incomodou-se e partiu para o rompimento. Sentou-se no final daquela subida, saborearia um café. Duas colheres de açúcar e só.

Ao seu lado, um outro ser. Tão inconstante quanto a constância da sua vida. Escolheu parir a rotina, sentando-se logo a esquina, para um expresso. Três colheres de leite e só. Precisava esfriar a cabeça, que pulsava uma ressaca sem nome. Ontem sentia-se incrivel, desejando mais. Flutuar mais, sempre mais. A paz da inconsciência. Degustava o gosto amargo e quente, como se fosse herói. Mas que merda, pensava. Todos. Os. Dias. Durante o horário comercial, existia apenas na caixa postal. Está nevando, chovendo, cantando, morrendo. Qualquer tempestade vazia e nebulosa do que vive.

Naquele dia, no entanto, olharam-se apenas por uma eternidade e partiram deixando seus vazios meio mornos na mesa.

(Na vida) Todos os encontros são desencontros (Da vida).

2 comentários:

  1. é lindo e doce, como sempre! Linda rotina de escrever o belo!

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  2. Dizer que o texto é belo seria redundante, se eu consegui, de fato, me transpor visceralmente às sensações. Engoli seco...Parabéns pelo Blog!

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