Ops... perdi a inspiração na esquina que passou.
Assim mesmo de repente, foi embora.
Deixou-me seguir na estrada de terra incerta
Sozinha naquele horizonte a se descobrir
Restou o Retrovisor, este que insiste em
mostrar o que passou, esvaiu.
Confesso muitas vezes passar horas olhando
Em busca do que não me lembro mais.
Tento encontrar desesperadamente uma pista
breve e sutil de quem sou, quem fui, quem serei.
O retrovisor imovel respira sem ambições.
Carrega dúvidas a pouco esperançosas
Refletindo tudo aquilo que não desejo ver
do vazio de minhas atitudes secas.
Retrovisor não esclarece. Não são respostas
que encontro quando observo sua superfície
lisa e fria. Permanecem as dúvidas, questões
vivas dentro de mim refletidas do passado.
De maneira distorcida é possível reconhecer
minhas escolhas, escolas, escoltas, escombros.
O retrovisor sobrevive de passado, me ensina
viver agora com as lições aprendidas ontem
Sobrepõe experiências mal sucedidas
Desafia sonhos carregados na mochila.
Me acompanha na imensidão a se descobrir
Ansiosa a se refletir dentro de meu retrovisor.
Texto inspirado na canção "Amem" d'O Teatro Mágico e do conto "Retrovisor" de Maíra Viana
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