Um violão de cordas sonhadoras apaixonou-se pelo som doce de uma azaléia-cor-maçã. Voando sentimentos, teceu notas inúmeras em partituras venha-si-mi-sol. Tão suas e tão íntimas que as vezes confundiam-se com um singelo chorar de moda. Dias passaram, meses e anos. Em todas as oportunidades de estarem próximos, deixou que insegurança fosse sorriso em seu rosto. Tolo violão, as cordas gastas tornam ainda mais interessante sua melodia. Pena que ele não saiba. E nem ela. Durante as noites, faz serenata sonhando todos os mundos perfeitos. E a lua observa em silêncio o adormecer de suas cordas.
Azaléia-cor-maçã está em outra sintonia. Dispersa no desconhecido paralelo vosso. Ninguém sabe decifrá-la e seu mistério a torna ainda mais interessante. Quando, no sexto refrão da décima melodia, decidiu presenteá-la com sua mais honesta canção. Um sorriso e só. Esperou um beijo e um nada também. Lá, em mi maior, com suas cordas desprendidas flutuou e Azáleia-cor-maçã não dançou. Ninguém a decifrou. E a melodia do violão voador continuou intensificado, como aquarela em dia de banho de chuva. Descoloriu, borrou e se libertou.
Sentado na última estrofe, com cadernos tortos na mão, está o violão libertado. Algumas cordas quebradas, levemente opaco e absorto em música. O coração bate dois tempos acelerado, participando de uma transe coletiva. Amarelo, cinza e preto do céu nebuloso carrega sorrisos amigos, esquecidos na suavidade da chuva interior. E os assovios de feições conhecidas aguardam a melodia do violão aprendiz retornar. Repleto de amor, de si e de vôos.
é linda e poetia sua expressão! Admirável. Me emociona como ninguém faz.
ResponderExcluirBeijos
Eu amassaria essa Azaléia-cor-maçã. E lançaria o violão à brisa.
ResponderExcluirDoce poesia triste.
E a melodia do violão voador continuou intensificado, como aquarela em dia de banho de chuva.
ResponderExcluirBELO.