domingo, 24 de abril de 2011

No entardecer do amor

- Dias cinzas, nublados e frios, como hoje, me inspiram. Sabia, né?

Penélope sorriu sem felicidade. Observava o horizonte, deliciando-se com as possibilidades do sentir. Crescia uma explosão de sentimentos que mergulhava nas profundezas dos seus assuntos inacabados. Todos os seus quereres, naquela fração de lucidez, devoravam a inércia de suas não-atitudes. Marcelo não respondeu sua pergunta. Seu silêncio era expressivo e ele continuava ali, apenas por curiosidade. 

Durante algum tempo continuaram em silêncio, observando as probabilidades interiores. Penélope abraçou suas pernas, encostou sua cabeça em seus joelhos e mordeu os lábios. Marcelo quis abraçá-la, mas sua timidez não permitiu. Então, incomodado com sua própria falta de ser, mudou de posição. Seria uma linda fotografia aos transeuntes, mas não havia ninguém ali. 

- Que vento bom...

E era mesmo. Ventava suave, quase como uma brisa. A verdade é que ventava sempre. O que sentiam não era tristeza e tão pouco amor. Era outra coisa que transforma silêncio em incomodo. E, como deveria ser, num impulso, Marcelo foi embora. Penélope continuou na imensidão de seus interiores, controlando seus quereres e sorrindo sem felicidade. Mudou de posição e agora estava em lótus. Vinda de longe, uma bela melodia chegava aos seus ouvidos. 

Sing me to sleep...












2 comentários:

  1. Achei lindo e tão maduro! E como eu gosto disso, essa relação que os dois estabelecem. Intensa, mas sempre na sutileza.

    ResponderExcluir
  2. Olá! Parabéns pelo Blog! Estou seguindo aqui e no twitter*
    Venha me visitar! Ficarei muito feliz!
    bjo**
    http://www.vaidosasempre.com

    ResponderExcluir