sexta-feira, 30 de abril de 2010

Outro dia, no Starbucks da Paulista...

... estão sentados à minha diagonal. Espiono entre as brechas de seus corpos o olhar dela, menina ansiosa. Estão apaixonados. De costas, só consigo observar os movimentos largos e escandalosos dele. Os pés e as mãos já não se controlam. Como vocês, eu espero o romance acontecer. Lentamente ela acaricia suas próprias mãos, desejando que ele as tocasse. Os olhares confessam sorrisos nervosos. As cabeças tendem para os lados e então... uma pausa. Nasce o amor.

_

... segurando um copo, despreocupadamente. Até parece que somos velhos conhecidos. Pelo seu olhar não consigo mensurar o tamanho de sua solidão. Ao término do café, coloca os sapatos. Mesmo eu poderia dizer o quanto esse lugar te traz de conforto. Levanta-se e olha para trás procurando respostas e se vai... E se vai. (Reparo em sua marca e todo meu personagem morre.)
E não te decifro.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nós

Busco o equilíbrio eterno dentro dessa bipolaridade de emoções e sentimentos. Onde um dia amo sentir a doce rouquidão de suas palavras em contrapartida de todas as outras flores, fechadas em nosso caminho. É como se tivéssemos misturado as estações. Vivemos primeiro o verão e a primavera. Agora é apenas inverno. Foi o que me restou e luto para ser o que me basta.

Se os botões não se abrirem, tudo bem. Eu brindarei e dançarei na chuva.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Menino

Olha pra mim. Estou sempre aqui, sorrindo para você. Olha pra mim. E se você olhar agora, não saberá dizer se é minha fotografia. Fala comigo. Nem precisa de muito. Qualquer sorriso seu já é um bom dia. Permita-me. Não conheço teu rosto, mas tem toda minha atenção. Decifra-me. Eu não quero paredes entre nós, estranho.

Se tivesse coragem diria tudo que sinto. Contaria que você é puramente interessante. Que sou capaz de perder a inspiração quando falo de você, tamanho medo da minha própria sinceridade. Você desperta o melhor em mim. Não conheço seu rosto, mas o som da sua voz faz serenata. Ora, como poderia compartilhar tudo que sinto? Desconhecido afeto. Somos píxeis, cores, letras e formas um ao outro. Será que você sente o mesmo? Sabe que eu poderia me apaixonar? E se ja for tarde demais.

E se já for... amor?

domingo, 18 de abril de 2010

Vagalume, vagalume...

Tem seu lugar ao sol que não é amarelo. É verde e marrom, como a flora que colore teu olhar cintilante borboleta. Sussurra desenhos em seu voo, construindo poesia, flutuando entre devaneios dos mesmos novos campos. São as palavras, tuas asas. E como se ontem tivesse morado em um casulo, decidiu-se conhecer o mundo. Você ama e sente medo. Resolveu deitar-se na pedra mais brilhante, ainda que ela estivesse no fundo de um rio. Ao longe, sorri como se compartilhasse segredos. Espelha-se ao outro a ponto de tornar-se sua ternura. Seu carinho. É como se toda a natureza tornasse invisível. E te dói. As asas molhadas já não te deixam voar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Os outros tornaram-se você

Criatura,

a morte da fé transforma um campo florido em caos e cinzas.
Como um ralo, suga. Quer tanto que se perde em frustrações.
E seus sorrisos são como olhares frios, quase é uma desculpa.
Não é a rosa que o espinho fere. São debilitadas tuas emoções.

Tudo fica vulnerável ao seu querer. Criatura, não vê que suas
bases estão enferrujadas? Que suas razões já são tão insanas
e confusas que já não sabe controlar e aceitar as diferenças?
Quanta pena sente de si. E quanta solidão. Me diz, como você
caminha? Ainda tem forças e esperanças? Olha, seu rei morreu.

Aquele que nunca existiu.



Criatura, quem é você?

Para de lembrar do brilho cegador daquelas jóias. Elas jamais
pertenceram-te. Apague as suas lagrimas. Ama-te. Perceba-se.
Tu és uma criatura linda.



Senhora errante,

queime esse diário. Não adianta lamentar seu presente. É
incoerente com a vida. É sim, deixa ser hoje. Deixa partir.
Abra sua mente e seu coração.



Servo,

não se torne escravo de um único sentimento. Que tamanha
prioridade você dá esquecendo-se de tantos outros. Tantos
outros lindos sentimentos.


Ora, canalha,

Não veja o outro com propriedade. Você não tem o dom da
permissão e essa corte só existe em teus pensamentos
masoquistas. Deixem ser.



Quantas amarguras você leva? Quanta inveja sente! Tamanho desespero, tamanha infelicidade. você ri das ações. Mas, está presa a jaula da acomodação. Tua falta de amor é tanta que se delicia deitado na merda. Só porque faz bem a sua própria piedade.




Tá tudo errado.
Tudo tããooo errado.

Você se consome e se carrega. Julga o outro e esquece-se do espelho que está ao lado. Ah...
Você virou o espelho e com uma aquarela desenhou seu auto-retrato distorcido. Engana-se.

Mas, quando suas chagas ardem e você busca a calmaria da água em busca de alivio,
jamais consegue apagar o reflexo ondular de seu próprio olhar. Ele te assombra.


Te vejo com uma infelicidade tão grande que desperta minha compaixão.
responda-se, você ama?
você conhece o amor?

Ah eu mesma respondo,
não.

Sempre soube...